segunda-feira, 28 de novembro de 2011

PADRE LANDELL DE MOURA

UM POUCO DESTE  HÉROI BRASILEIRO QUE INVENTOU O FUTURO

 BUSTO DE PADRE ROBERTO LANDELL DE MOURA  , ENCONTRA -SE NA LABRE SÃO PAULO FOTO  TIRADA  EM 30/07/2011.


Nascimento
21 de janeiro de 1861
Porto Alegre
Morte
30 de junho de 1928
Porto Alegre
Nacionalidade
brasileiro
Ocupação
padre e inventor


O padre-cientista que inventou o futuro

 Longe dos centros de ciência, Roberto Landell de Moura inventou o rádio, concebeu a TV e previu as comunicações interplanetárias
           Antes do italiano Guglielmo Marconi (1874–1937), um brasileiro transmitiu pela primeira vez no mundo a voz humana à distância através de uma onda eletromagnética. No início do século XX, quando o telégrafo sem fio era a tecnologia mais avançada nas comunicações, ele projetou a transmissão de imagens (televisão) e textos (teletipo). Também foi um dos pioneiros no desenvolvimento do controle remoto pelo rádio, entre outras descobertas notáveis.
            Roberto Landell de Moura (1861-1928) realizou experiências públicas de radiocomunicação para angariar patrocínio e desenvolver comercialmente os seus aparelhos. Patenteou inventos no Brasil e nos Estados Unidos. Não recebeu nenhum apoio de autoridades ou empresários.
Padre Landell foi ignorado e perseguido; destruíram seus aparelhos porque se cochichava que ele “se comunicava com o demônio”. Trabalhou sozinho, com escassos recursos, dividindo as atividades científicas com as religiosas. Inventou, projetou, construiu peças originais e montou máquinas complexas. Entrou, no entanto, para a galeria dos cientistas injustiçados e até hoje é pouco conhecido.
             A sua genialidade científica brotou nos primeiros anos da República, justamente quando o Estado e a Igreja se divorciaram. E as ideias científicas e positivistas se espalharam, distanciando-se do pensamento católico. Alheio à transformação cultural, ele quis unir a religião e a ciência: “Eu vi sempre nas minhas descobertas uma dádiva de Deus.” (1924)
         Além de incompreendido na dimensão de padre-cientista, pagou o preço de viver numa sociedade de tradição colonial e de dependência. A cultura brasileira de então “não se sentia atraída pela experimentação, chave mestra da ciência, e ficava pouco à vontade frente às questões tecnológicas”, segundo Shozo Motoyama (“Prelúdio para uma história: ciência e tecnologia no Brasil”, Edusp, 2004).
         Roberto nasceu no centro de Porto Alegre, em 21 de janeiro de 1861. Na infância, ficou impressionado com as manchas da Lua, o abatimento moral dos pobres e as coisas científicas. Na adolescência, gostava de ler Telêmaco - uma releitura do épico de Homero (VIII aC) - e as composições poéticas. Também demonstrou interesse pelos conceitos filosóficos, a mecânica celeste e as ciências físicas e químicas. Elaborou composições químicas: uma para extrair a cárie dos dentes.
Aos 16 anos, construiu um telefone! Não se sabe como era esse aparelho. Mas se sabe que isso ocorreu em 1877, quando o invento de Graham Bell (1847-1922) tinha apenas um ano de vida. Por ordem do imperador Dom Pedro II (1825-1891), o telefone chegou ao Brasil naquele mesmo ano.
Roberto estudou num ambiente pouco propício para a sua latente vocação científica. Até o final do Império, predominou o desinteresse pelas ciências. O ensino era quase que exclusivamente literário, livresco e retórico. O destino, porém, auxiliaria no progresso da sua formação.
Com o irmão Guilherme (1863-1928), decidiu seguir a carreira religiosa. Os dois foram para Roma e se matricularam, em 22 de março de 1878, no Colégio Pio Americano. Roberto aproveitou a oportunidade para estudar física e química na Universidade Gregoriana.
Endividado pela longa estada na capital italiana, Roberto foi ordenado sacerdote em 28 de outubro de 1886. Na Europa, germinaram as primeiras idéias da teoria sobre a “Unidade das forças físicas e a harmonia do Universo”, que nortearia as suas futuras descobertas e invenções.
Regressando ao Brasil, peregrinou pelo Rio de Janeiro, Porto Alegre, Uruguaiana e Santos. Por volta de 1893, viajou para a capital da nascente República, para pedir subvenção à Igreja para a realização de experiências com ondas de rádio. A resposta negativa o entristeceu, mas ele não desistiria.
Em Campinas, então com 20 mil habitantes, onde foi pároco entre 1894 e 1896, deduziu: “Todo movimento vibratório que até hoje, como no futuro, puder ser transmitido através de um condutor poderá ser transmitido através de um feixe luminoso; e, por esse mesmo fato, poderá ser também transmitido sem o concurso desse agente.
Logo, definiu o postulado maior: “Dai-me um movimento vibratório tão extenso quanto a distância que nos separa dessas outras terras que rolam sobre as nossas cabeças ou sob nossos pés, e eu farei chegar a minha voz até lá.
Apesar das dificuldades de toda ordem, o jornalista Ernani Fornari (1899-1964), que conheceu o Padre Landell, assinala no livro “O incrível Pe. Landell de Moura” (Ed. Globo, 1960), que as suas primeiras experiências de transmissão e recepção sem fio foram efetuadas entre os anos de 1893 e 1894.
No século XIX, o uso da eletricidade revolucionou as comunicações. Samuel Morse (1791-1872) patenteou o telégrafo com fio em 1837 (essa tecnologia chegou ao Brasil em 1852). O invento mudou a forma de vida no planeta: transformou as comunicações, acelerou o tempo dos negócios e apressou a circulação das notícias. Em 1876, surgiu o telefone com fio, de Graham Bell.
Três anos antes, James Clerk Maxwell (1831-1879) previu a existência de ondas eletromagnéticas, as quais foram comprovadas, experimentalmente, por Heinrich Hertz (1857-1894) em 1888. Havia, no mundo científico, a idéia de que sinais poderiam ser transmitidos sem o intermédio de fios. Mas não se sabia como...
Utilizando o oscilador de Hertz, a antena de Popov (1859-1905) e o coesor de Branly (1844-1940), Marconi rompeu essa barreira em 1895, ao transmitir sinais radiotelegráficos a uma centena de metros. Nos anos seguintes, dedicou-se a aperfeiçoar o telégrafo sem fio, aumentando as distâncias das transmissões.
Enquanto Marconi concentrava os seus negócios na transmissão de sinais em código Morse, Padre Landell ia além. Algumas das suas experiências foram registradas em jornais, como em O Estado de S. Paulo, de 16 de julho de 1899.
         No domingo 3 de junho de 1900, em São Paulo, uma cidade de comerciantes e diversas indústrias, com 250 mil habitantes, iluminada a gás e a luz elétrica, com bondes de tração animal, Padre Landell fez novas experiências. Do alto de Santana à Avenida Paulista, provavelmente do pátio do atual Colégio Santana a um ponto onde hoje está o Colégio São Luís, numa distância aproximada de 8 km, em linha reta. Conforme está registrado no Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro (10/6/1900), as experiências “coroadas de brilhante êxito” foram testemunhadas, entre outras pessoas, pelo cônsul britânico, Percy Charles Parmenter Lupton, tio de Charles Miller (1874-1953), introdutor do futebol no Brasil.
         Padre Landell obteve patente no Brasil, em 9 de março de 1901, para “aparelho destinado à transmissão fonética à distância, com fio e sem fio, através do espaço, da terra e do elemento aquoso”. Mesmo assim, ele não logrou nada consistente. Decidiu, então, viajar para os Estados Unidos em meados daquele ano. Em outubro, protocolou seus inventos no United States Patent Office, em Washington D.C.
         Nos EUA, Padre Landell passou necessidades econômicas e adoeceu. Com firme determinação conseguiu atender todas as rigorosas exigências dos norte-americanos e, finalmente, em 1904, obteve três patentes: Wave Transmitter, Wireless Telephone e Wireless Telegraph.
         No final de 1904, retornou ao Brasil cheio de esperança. Escreveu ao presidente da República, Rodrigues Alves (1848-1919), solicitando dois navios para fazer uma demonstração dos seus inventos. Novamente, foi ignorado em seu próprio país. Julgaram que se tratasse de um louco.
         Quando ele lutava desesperadamente para patentear seus inventos nos EUA, a telegrafia sem fio começava a se espalhar pelo Hemisfério Norte. Em 1903, a Marinha brasileira começou a estudar a implantação da radiotelegrafia, comparando as ofertas comerciais existentes. A primeira mensagem do gênero foi transmitida no país em fevereiro de 1905, com tecnologia importada da Alemanha. Naquele instante, retomando suas funções religiosas em Botucatu (SP), Padre Landell já sabia como transmitir não só sinais à distância sem fios, mas a voz humana, sons musicais, o tic tac de um relógio...
         Em suas patentes, Padre Landell recomendou o emprego das ondas curtas para aumentar a distância das transmissões. Em 1904, essas ondas não eram consideradas por outros cientistas. Marconi só reconheceria as suas vantagens em 1916. Também transmitiu, pela primeira vez, em ondas contínuas (usadas até hoje), que são superiores às ondas amortecidas adotadas nos primórdios das radiocomunicações por outros cientistas.
Na transmissão de mensagens pela luz, o padre-cientista utilizou o mesmo princípio que aperfeiçoou as comunicações modernas, empregando-se o laser e as fibras ópticas.
         Quanto à transmissão da voz humana pelo rádio, consta que, em 23 de dezembro de 1900 (seis meses após a última transmissão do Padre Landell em São Paulo), o físico canadense Reginald Fessenden (1866-1932) enviou uma mensagem audível para seu assistente. Fessenden patenteou o invento nos EUA, em setembro de 1901 – e Landell, no Brasil, seis meses antes. As primeiras experiências desse gênero, de Marconi, aconteceram em 1914.
         Padre Landell planejou voltar aos EUA para desenvolver novos projetos de invenções e comercializar as patentes obtidas. Mas foi, segundo suas próprias palavras, “forçado” a abandonar os estudos e a promissora carreira de inventor. Manuscritos comprovam que, em 1904, ele projetou a televisão, batizada de “The Telephotorama ou A visão à distância”. A primeira transmissão pública de TV só aconteceu em 1926. O teletipo imaginado por Landell foi inventado em 1928. Enveredando por outras áreas, descobriu a bioeletrografia ou fotografia Kirlian em 1907, décadas antes dos soviéticos.
         À frente de sua época, Padre Landell poderia, se tivesse recebido o apoio devido na hora certa, ter alinhado o Brasil às nações detentoras de tecnologia de um setor de ponta.
 “Uma pergunta patriótica”
 Quem foi que inventou a telefonia sem fio? A telefonia sem fio, tanto a acústica como a ondulatória luminosa e elétrica ou magnética, foi o autor destas linhas (...), que também é autor de muitos outros aparelhos elétricos. O que foi Santos Dumont para a navegação aérea, foi o autor dessas linhas para a transmissão sem fio tanto do sinal inteligente como da palavra articulada. Santos Dumont está bem, porém o seu colega contemporâneo vive esquecido porque cometeu um crime, o de querer sair da sacristia para mostrar ao mundo que a religião nunca se opôs ao progresso da humanidade.
O desencanto desse texto escrito pelo Padre Landell só é consolado por outra reflexão, de 1924: “Sempre trabalhei para o bem da humanidade. Folgo em ver realizado, na prática utilitária, aquilo que foi o meu sonho de muitos dias, de muitos meses, de muitos anos.
Padre Landell morreu no anonimato, no dia 30 de junho de 1928, em Porto Alegre. Duas réplicas do transmissor de ondas foram construídas, na capital gaúcha, e funcionam, ratificando a sua criatividade.
Se não fossem os esforços isolados de alguns admiradores e radioamadores, como Alda S. Niemeyer, de Blumenau, que divulgou os feitos do brasileiro na Alemanha, e de Arnaldo Nascimento e Murillo de Sousa Reis, que publicaram livro em Portugal (Subsídios para saldar uma dívida), Padre Landell seria apenas uma sombra na história.
O governo brasileiro reconhece Santos Dumont (1873-1932) como o “pai da aviação”. Está pendente o resgate oficial dos méritos do “pai do rádio” e pioneiro das telecomunicações. Padre Landell é  patrono dos radioamadores brasileiros.
 HAMILTON ALMEIDA é jornalista e autor dos livros “Padre Landell de Moura: um herói sem glória” (Editora Record, 2006) e “Pater und Wissenschaftler” (Debras Verlag, 2004, Deutschland)
FONTE: RADIOAMADORISMO

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